Criatividade para todos?

Michelle Kauffmann Benarush
2 min readNov 9, 2020
GIF criado por L.V, aluna do Ensino Médio | Disciplina Artes Visuais

A criatividade é a capacidade de ter ideias, e ter ideias é humano.

Me intriga muito esse conceito de que a criatividade seja um talento nato, um dom que alguns poucos tiveram a sorte de ter. Isso é uma falácia!

Quando a gente olha para trás e tenta entender como a ideia de criatividade para poucos foi inventada, a gente vê que ela foi inventada para servir um propósito que é diferenciar os criativos. Os criativos são geniais, talentosos, originais e merecem esse lugar especial, no topo da montanha. E o resto do mundo tá aqui, no comum, no popular, vivendo como normais.

Isso faz sentido hoje em dia? Se considerarmos essa definição elitista, podemos então tentar definir a criatividade de forma mais democrática?

Criatividade é uma atividade imaginativa que produz resultados originais e valiosos (Ken Robinson).

Uma maneira nova, útil e diferente de ver as coisas, propor mudanças e enfrentar os desafios. O criativo é o oposto do sem imaginação, do rotineiro, do clichê, do chato, do ineficaz. Dito dessa forma, a criatividade tem pouco a ver com genialidade.

Eu entendo a criatividade como um músculo a ser desenvolvido. Quando a gente exercita a criatividade, fica mais à vontade com a ambiguidade e com o erro. A gente entende o erro como algo a ser aprimorado. Quando a gente não pratica a criatividade, passa a se esconder e ter medo daquilo. Passa a dizer que não é criativo.

Quem aqui lembra do momento Eureka, de Arquimedes, o matemático grego? Segundo a lenda, ele tava tomando banho quando teve esse insight sobre o peso do corpo e o volume da água que sobe quando ele entrou na banheira. A história conta que ele saiu pelado da banheira gritando Eureka, que significa descoberta ou invenção.

Desde então, grudou no nosso inconsciente coletivo que pra ter uma ideia, a lâmpada se acende e a inspiração desce.

E, de novo, a criatividade fica para essas pessoas talentosas, sortudas e inspiradas. Pode acontecer? Pode, mas não podemos contar sempre com isso.

O que podemos fazer então? Treinar a cabeça e exercitar nosso músculo da criatividade, ora propondo formas diferentes de aprimorar as pequenas (e grandes) coisas, ora mudando hábitos, ora desenvolvendo a resiliência. Tudo isso ajuda a se tornar mais criativo.

Quer mais uma dica? Na próxima vez que for fazer uma apresentação, propor um modelo ou pensar a solução para um desafio, ao invés de ter uma ideia e seguir com ela, pense em muitas. O princípio aqui é desenvolver conforto na geração de ideias diferentes. Para fins desse exercício, quantidade é mais importante que qualidade. É sobre a possibilidade da divergência. Isso ajuda demais!

Agora me diz, você sente conforto na geração de ideias?

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Michelle Kauffmann Benarush

Educadora & autora. Acredita que o mundo não está dividido entre “criativos” e “não criativos”.