A sobreposição de ideias e os caminhos opostos das linhas.

O que é ser criativo e o problema da cópia na sala de arte

Michelle Kauffmann Benarush
2 min readJun 19, 2018

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Como esperar o desenvolvimento de uma mente inventiva se, na sala de arte, os alunos são incentivados a recriar obras de artistas famosos?

A imaginação é a habilidade de ver o que não é visível, de criar cenários múltiplos, de questionar, de experimentar, de ser curioso.

Será que estamos incentivando essas habilidades se pedimos aos alunos que copiem os experts?

Talvez o trabalho inspirado/copiado tenha uma estética polida, profissional. Até porque ele é até mais fácil. E por fácil, me refiro não somente ao ato da cópia em si, mas sobretudo à aceitação dos adultos que olham e observam esses trabalhos. Afinal, ele é mais digerível.

Mas você já parou pra olhar um trabalho de uma criança pela estética dela? Um projeto que o aluno tenha criado de maneira honesta baseado em suas memórias, imaginação ou observação? Um trabalho que não necessariamente está bonito ou esteticamente agradável, mas que consolida uma série de aprendizagens do processo, e o mais importante: a criança está satisfeita com o resultado.

A medida que o trabalho do aluno é copiar, será que ele está aprendendo a questionar, a ter pensamentos próprios, independentes?

Aprender a copiar é o pólo oposto de aprender a gerar ideias, a desenvolver estratégias de resolução de problemas, de aprender a experimentar e a errar. E depois aprender a se rever.

Na sala de arte, o aluno é o artista. E arte, por definição não é mais arte se for copiada ou reproduzida.

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Michelle Kauffmann Benarush

Educadora & autora. Acredita que o mundo não está dividido entre “criativos” e “não criativos”.